História do Rio Pacajá

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Os índios Anambé viviam no passado a oeste do rio Tocantins, nas cabeceiras do rio Pacajá, que desemboca no rio Pará (braço do estuário do Amazonas que corre pelo sul de Marajó), perto de Portel. Segundo relato tomado de um líder Anambé pelo pesquisador Fereira Pena, em 1884, viviam desde muito tempo nas cabeceiras do Pacajá, obedecendo a um líder oriundo do ocidente, sábio e guerreiro.
Os brancos lhes vieram fazer guerra; depois, os jesuítas, que com eles mantinham a paz, começaram a separar as mulheres dos maridos e a levar muitos para Portel, os homens para trabalhar nas roças e remar, as mulheres para lavar roupa e cozinhar. Isso os desgostou muito, levou-os a desobedecer ao chefe e a separarem-se. Índios antropófagos lhes vieram fazer a guerra e eles retiraram-se para as cabeceiras do rio Cururuí, um afluente do Pacajá, formando a aldeia de Tauá, donde depois foram para o lugar onde o diretor de índios quis aldeá-los.
De fato, em 1852, uma parte dos Anambé se aproximou da margem esquerda do Tocantins, pediu proteção e se aldeou junto ao distrito de Baião. Os outros continuaram no alto Pacajá. Estes, em 1874, depois de uma guerra contra os indígenas chamados "Curumbu", ficaram reduzidos a 46 indivíduos; no ano seguinte morreram mais 37 de varíola. Os restantes foram juntar-se aos Anambé que se haviam aldeado junto ao Tocantins. As Anambé passaram a viver então nas proximidades da cidade de Baião, nas ilhas dos Santos e de Tauá. Até o final dos século XIX os Anambé oscilaram entre o Tocantins e o Pacajá e em algum momento atravessaram para a margem oriental do Tocantins, indo para a bacia do rio Moju.
As primeiras informações sobre os Anambé na bacia do Moju ora os confundem com os Turiwara, ora com os Amanayé. Conforme narraram ao antropólogo Napoleão Figueiredo, nas cabeceiras do Moju entraram com os Gaviões do Oeste, que dali os expulsaram, obrigando-os a se deslocando na direção do Cairari. A princípio foram os únicos habitantes do alto Cairari, mas a partir dos meados do século XX começaram a entrar nessa área madeireiros e extratores de balata. A princípio os Anambé não foram engajados no trabalho da madeira, atuando mais como fornecedores de peles, carne de caça e farinha. Nos anos 70, alguns Anambé participavam nas turmas de madeireiros como trabalhadores diaristas, enquanto outros negociavam a madeira com um regatão, que era relacionado à mesma serraria. Mas asua participação nos trabalhos da madeira era intermitente, e se tornou apenas ocasional na década seguinte.

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